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FORUM MACUA

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O êxito de Joia de AFRICA

Mantem-se a série Joia de Africa lider de audiências em Portugal.


Certamente não será pelo seu rigor histórico. Também aquela história de amores e desamores cruzados se poderia passar em qualquer outra parte.


Então que leva os portugueses a verem-na?


A sua audiência chega a um milhão e muitas centenas de milhares de espectadores. Muito além dos que regressaram de Moçambique.


Será que África ainda continua no imaginário dos portugueses? Estará a acabar o ciclo emigratório para a Europa, Brasil, etc.?

Country Portugal

Re:A Joia de AFRICA

...http://www.zambezia.co.mz/index.php?option=com_content&task=view&id=148&Itemid=39&limit=1&limitstart=1

Parte 01
A ZAMBÉZIA das DONNAS mas Contada em INHAMBANE
Factos e Histórias de Moçambique - ZOL -
Escrito por João Craveirinha
Terça, 26 Outubro 2004

A ZAMBÉZIA das DONNAS mas Contada em INHAMBANE

A crítica televisiva, abaixo reproduzida, foi publicada em Moçambique durante a exibição da Telenovela Jóia de África na TVi – Portugal.

Por reflectir “uma escola de pensamento moçambicana, à JOSÉ CRAVEIRINHA poeta” , está inserida no futuro livro In Memoriam – Um Poeta Nunca Morre, de João Craveirinha colunista do Zambézia On Line – ZOL. ______________________________________________________

Texto publicado no Jornal vertical de sexta – feira 23 Maio 2003 –, na Coluna DIALOGANDO
por João CRAVEIRINHA.

TELENOVELA A JÓIA DE ÁFRICA

A GRANDE MENTIRA OU TENTATIVA DE LIMPAR
O COLONIALISMO PORTUGUÊS EM MOÇAMBIQUE?

Muitas pessoas quer em Moçambique quer em Portugal me tem abordado sobre esta novela com certo “saudosismo” e mágoa pela inexactidão da estória que não respeita minimamente a História mesmo se tratando de texto – ficção. A telenovela é salva pelas excelentes interpretações de seus actores. Nota 20. No entanto, esta minha achega vai no intuito de tecer reparos construtivos.

Em boa hora a TVi – Televisão privada portuguesa assumiu o risco em fazer história ao apostar na edição de uma 1ª Telenovela rodada em África com temática do período colonial em Moçambique...mas... com paninhos quentes!?! No entanto este esforço de produção pecaria pela falta de cuidado no rigor histórico ainda que a estória seja ficcionada pois se baseia numa específica época do colonialismo dos anos 1950. O interesse dos primeiros episódios deu lugar à desilusão do argumento apesar do esforço de interpretação dos seus actores. Para além da ficção há que respeitar a História mesmo contando estórias. Há um todo cenário de época, localização geográfica, usos e costumes, linguagem, etc...a respeitar. Em primeiro lugar a estória passa-se no vale do rio Zambeze, talvez no Luabo ou Chinde . Não há uma definição precisa. Tudo é vago. As filmagens decorreram em Inhambane na Maxixe a mais de 500 kms a sul do vale do Zambeze . O idioma e dialecto locais nada têm a ver com os do vale do rio Zambeze das “Donnas”da Zambézia , referenciadas na telenovela. No mínimo seriam o Tchuabo, xi-Sena, o Podzo e o Ló-mué , línguas da região. O próprio léxico e pronúncias do português estão “off-side”. Nota-se a falta dos Petromax a petróleo usados como iluminação na época no campo e nos subúrbios das cidades e vilas onde não havia electricidade. Os mais “chiques” utilizavam o candeeiro Aladinn . Nunca candelabros. Impensável a linguagem “liberal” entre o serviçal “indígena” e os meninos e muito menos com as “meninas”. Os criados serviam de luvas brancas para não sujarem os alimentos dos patrões e ser detectada qualquer sujidade nas luvas. Havia nojo em relação aos criados e um certo distanciamento. Certos anacronismos na Telenovela soam a uma tentativa de limpar ou ”branquear” o que foi a prepotência da sociedade colonial em Moçambique. A cidade – referência mais próxima dos colonos do interior do vale do Zambeze era a cidade de Quelimane e depois a Beira e não a de Lourenço Marques a mais de mil kms.

Alguns aspectos anacrónicos são por demais evidentes. Citaremos alguns:

- As botas de Diogo Infante devem ter saído do Museu do traje, são do séc.XIX, do tempo do explorador Serpa Pinto e de Livingston.

- Nunca na História do colonialismo português em Moçambique nos anos 1950, um negro se formaria em Coimbra ou numa Universidade na “Metrópole” e muito menos seria o mesmo mais tarde autorizado a regressar à sua Terra natal, no interior. Não aconteceu e numa perspectiva colonial no mínimo seria considerada de “atrevida e arrogante” a postura do advogado negro da peça.

- Impensável a punição e a humilhação de um chefe de posto português (branco). Ele e o administrador eram o garante do sistema colonial em África.

- A caracterização do régulo é ridícula e descuidada ao contrário da História em que lhe era outorgado um certo prestígio entre a sua gente e mesmo respeito à distância pela parte dos colonos. As autoridades coloniais deram às “suas autoridades gentílicas” um certo ar de ”autoridade” e o retorno era a fidelidade dos mesmos a Portugal.

- A personagem feminina que estudou na Inglaterra é totalmente desfasada da História colonial. Muitos dos filhos dos colonos abastados estudavam em Joanesburgo na África do Sul e uns poucos em Salisbúria na Rodésia ou em Portugal. Chama-se a atenção do sentimento racista dos colonos portugueses não ser propriamente por influência desses pa

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Re: Re:A Joia de AFRICA

Parte 2 - A Joia de Africa
A ZAMBÉZIA das DONNAS mas Contada em INHAMBANE
Factos e Histórias de Moçambique
Escrito por João Craveirinha
Terça, 26 Outubro 2004

...- A personagem feminina que estudou na Inglaterra é totalmente desfasada da História colonial. Muitos dos filhos dos colonos abastados estudavam em Joanesburgo na África do Sul e uns poucos em Salisbúria na Rodésia ou em Portugal. Chama-se a atenção do sentimento racista dos colonos portugueses não ser propriamente por influência desses países vizinhos de minoria branca: britânica ou holandesa – flamenga (africaner - bóer), mas proveniente sim da condição do estatuto de colono e por tal de um complexo de superioridade colonial que também existia em Portugal (menor) e ainda continua.

- É pena que tenha falhado esta primeira tentativa de explorar o tema do “colonialismo” português em África, ainda que “remake” da “Jóia da Coroa” da Televisão inglesa – BBC e passada na Índia colonial britânica. Dizemos falhada porque o autor do argumento ao tentar “limpar” a imagem negativa do que foi a colonização portuguesa em Moçambique incorreu naquele adágio popular – pior a emenda que o soneto –. A desculpa dos motivos comerciais, de marketing ou de não chocar a audiência... não são razoáveis, pois depreende-se uma tentativa de esconder o complexo colonial subjacente ao guião tentando iludir a História. Se a situação colonial tivesse sido de paninhos quentes não teria havido azo para a guerra colonial fruto do ressentimento das populações “nativas” para além da guerra-fria no contexto mundial. É possível mesmo ficcionando dar um conteúdo mais realista ao passado e através de um salto ao presente em “flash back’s”, fazendo as “pazes” com a História. Uma espécie de “exorcismo” histórico ficcional. No entanto repetimos é um começo...mas para a próxima vez estejam atentos ao “outro lado da História” e às várias susceptibilidades começando por consultar pessoas abalizadas que viveram e ou tem conhecimento documental desse período no vale do rio Zambeze ou de outra região de Moçambique. Uma dessas pessoas sem dúvida, cremos, é o Professor universitário moçambicano, Raul Bernardo Honwana (Honuana), com belíssimos relatos dessa época, alguns de um certo humor irónico. O mote está dado. Existe um rico património cultural comum – português e moçambicano e muitas vezes as respostas e a memória viva, estão do lado africano. Há que estar atento ! ›

-. Pois é a falta que nos fazes tiZé Poeta – pai pequeno… …nos teus tempos de jornalista em Lourenço Marques, casos destes degenerariam logo em polémica violenta…até de racista ao contrário e complexado te chamariam mas deixa lá…eu tentei dizer algo mas nunca será a mesma coisa caso fosses tu a dizê-lo…. O texto saiu na ….4ª Feira 24 Setembro 2003 e agora no ZOL em 2004. (Fim)http://www.zambezia.co.mz/index.php?option=com_content&task=view&id=148&Itemid=39&limit=1&limitstart=1

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