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FORUM MACUA

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Re: Ainda Anibalzinho


Segundo notícias de ontem, publicadas em Maputo, Anibalzinho teria sido recapturado ao fugir para o Malawi.

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Replying to:

FACTOS SOBRE ANIBALZINHO E A SUA FUGA


Perante o que se vem passando no meu pais, e ao ter consciência que temos milhares de moçambicanos fora do pais propus-me a transcrever 2 textos recentemente publicados no Jornal Savana de autoria do conhecido jornalista Machado da Graça. Penso que e importante para aqueles que ca não estão de saber o que se esta a passar no seu pais ( o pouco que conseguimos descobrir) para ,para quem não tinha reparado, ter noção ate que ponto o nosso pais esta mergulhado no mundo da Mafia, do Gangsterismo, onde não se percebe onde acaba a mafia e onde começa o governo, ou será que já nem divisão existe??!!! Em memória de aqueles que deram a sua vida , conhecido e anónimos, achei-me na obrigação de fazer algo (embora saiba que é pouco) e assim tento contribuir para que todos nós ponhamos a mão na consciência. Quando que daremos conta que silenciados estamos a consentir e a deixar que esta situação continue. Quando chegara a hora em que todos nos, do Rovuma ao Maputo diremos BASTA??!!!! Eu fico ansiosamente a espera..... e tudo começou em 86....




PS: o texto foi integralmente transcrito com excepção dos "bolds" que fui eu que sublinhei.




TALHO DE FOICE Machado da Graça




FACTOS E SUSPEITAS




No meio de toda a poeira levantada a volta do desaparecimento do Anibalzinho (A.), estes são os factos que podemos juntar:




* Em Dezembro de 2001 A. enviou uma carta a Manuel Tome, Secretario Geral Da Frelimo, referindo que possui provas materiais de que pessoas directamente ligadas ao Partido Frelimo estão directamente ligadas ao assassinato de Carlos Cardoso. Mais afirmava que " para que se evite um escândalo nas sessões de julgamento" queria contactar alguém da confiança de Manuel Tome; Tomé afirma que não recebeu essa carta mas, segundo o Mediafax, há prova documental de que a sra. Fátima, secretaria de Tomé, recebeu essa carta;




Nessa carta afiram também ter enviado outra carta ao Procurador Geral da Republica, sobre o mesmo assunto. Escreveu, igualmente, ao Juiz Paulino e ao Procurador Geral Madeira. No gabinete deste ultimo a carta foi recebida por alguém de nome Massinga. Diz ainda que falou com o Dr. Frangoulis sobre o que sabe;




* Frangoulis confirma a conversa, que estará gravada, mas diz que A. não apresentou provas do que afirma. Segundo A. ele era quem guiava o carro mas não disparou contra Cardoso;




* Frangoulis afirma que, quando lhe parecia que as provas iriam ser entregues recebeu ordem de Almerino Manhenje (Ministro do Interior) para se abster de tudo;




* Em conversa com Frangoulis Nini confirma que há outra personalidade que é o cérebro da operação sendo ele, Nini, apenas um intermediário.




* Guarda prisional diz que familiar de A. afirmou que o julgamento vai envolver no crime o filho de um muito alto dirigente do país e pôr em causa a liderança do país. É publicado no Mediafax que esse " filho de dirigente " entregou dois cheques a esposa de A.




*A 3 de Julho de 2002 Frangoulis alerta o Ministro do Interior e o Comando Geral da PRM de que A. esta a preparar fuga;




* Frangoulis e afastado da PIC e enviado para a África do Sul para estudar. Lá nunca recebe dinheiro para os estudos e acaba por regressar a Maputo. Essa decisão passou, obrigatoriamente, por Almerino Manhenje;




* O Director da B.O. (cadeia de Maxima Seguranca) foi substituído. Essa decisão passou, obrigatoriamente, por Almerino Manhenje.




* Vizinho de cela de A. e afastado para outro local distante, deixando A. numa zona isolada.




* Na noite do desaparecimento as luzes do recinto prisional da B.O. estiveram desligadas;




* A primeira versão do desaparecimento veio da Contra-Inteligencia Policial ( Dependente de Almerino Manhenje) e era falsa; falava de grades cortadas com uma serra e uso de cobertores para saltar o muro;




A segunda versão é do Comando Geral da Policia e fala de fuga facilitada. Dai a detenção dos três chefes de pelotão da Policia de Intervenção Rápida ( Dependente de Almerino Manhenje) , da Casa Militar ( Dependente de Almerino Manhenje) e da Policia de Protecção ( Dependente de Almerino Manhenje) ;




* Fica-se a saber que a cela tinha três cadeados e a chave de cada um deles estava com uma daquelas 3 forcas. E que cada forca enviava sempre dois elementos seus para abrir a porta, o que significa que estavam sempre presentes [6 elementos quando a porta era aberta.




* Posteriormente surge a versão de que os originais das chaves estavam a guarda do gabinete de Almerino Manhenje, e as cópias com o Adjunto Superintendente Manguco;




* Calcula-se que para sair da cadeia A. teria tido que passar por mais de 20 pessoas;




* Advogado de A. declara que não acredita que A. tenha fugido e fala de manchas de sangue na cela. Algumas testemunhas dizem que havia sangue na esteira e outras que havia na porta;




* A mãe de A. declara que nada sabe do filho que, para ela, continua na B.O.




* Pessoas que entraram e saíram da cidade ao longo dos dias seguintes ao desaparecimento declararam não ter notado nenhum esforço especial de busca de viaturas que abandonavam a cidade;




Perante todos estes dados, saídos a publico, parece legitima a suspeita de que o desaparecimento de Anibalzinho teria sido projectado e executado por Almerino Manhenje para evitar que A. fosse a tribunal pôr em causa " pessoas directamente ligadas ao partido Frelimo" eventualmente "o filho de um muito alto dirigente do Pais".




Parece igualmente legitima a suspeita de que o Partido Frelimo e a Procuradoria Geral da Republica estão na posse de informações que apontam no mesmo sentido mas estão a tentar abafar essas informações.




Ate que ponto irão todos estes personagens continuar a enterrar-se na lama sangrenta deste caso, no jogo das escondidas em que se meteram, e o que se ira ver daqui para diante.









in SAVANA ,13/09 2002




TALHO DE FOICE Machado da Graça




FACTOS E DUVIDAS




Desde a semana passada novos factos vieram juntar-se aos aqui publicados. Com eles vierem mais algumas duvidas que gostaríamos de ver esclarecidas:




* As autoridades moçambicanas informaram que pediram apoio à Interpol para a recaptura de Anibalzinho (A.). No entanto o jornalista Joseph Hanlon contactou a sede da Interpol e foi informado que Moçambique não fez nenhuma deligência nesse sentido. A delegação da Interpol em Maputo recusa-se a falar a informação sem autorização do Comandante Geral da Policia de Moçambique.




* Uma longa entrevista do DR. Antonio Frangoulis (Fr.), ex-director da Policia de Investigação Criminal, ao jornal DOMINGO trouxe algumas informações interessantes;




* Segundo ele, 15 dias depois da morte de Carlos Cardoso já havia uma informação concreta, com o nome de Anibalzinho, na policia. No entanto essa informação não aparece no processo; Só meses mais tarde A. foi detido.




* Fr. diz que consta que consta, que mesmo depois da morte de Cardoso, A. subia e descia as escadas do comando da policia. Gabava-se de lá ter amigos;




A 30 de Setembro de 2001 Fr. visitou A. na sua cela e gravou a conversa. Segundo ele, A. pretendeu, desde o principio, confessar " toda a verdade" mas Nini impediu-o dizendo que , a qualquer hora, chegaria uma ordem lá de cima.




* A. não se considerava assassino de Carlos Cardoso porque não foi quem disparou. Segundo ele a função era guiar. Quem teria disparado teria sido Carlitos;




Fr. diz que nunca nas conversas que teve com Anibalzinho, e com Nini se falou de haver membros do Partido Frelimo implicados no crime. Mas imediatamente ressalva " ou por outra, que eles teriam assassinado o Carlos Cardoso no cumprimento de um dever partidário";




* Nini informou a Fr., a 24 de Novembro, de que existem elementos de prova do envolvimento de outras pessoas, sempre referias como " lá de cima";




* A. terá falado a Fr. de uns cheques que lhe teriam sido dados pelo Nini mas não seriam passados por este. Se é que esses cheques existem, quem os terá passado?




* A. terá dito: " Eu vou parar o tribunal. Há de vir a CNN, a BBC e tudo ". A ser isto verdade quem será a personalidade moçambicana cujo envolvimento no processo faria deslocar a Moçambique aquelas redes mundiais de televisão?




* Depois da repronúncia, em Abril, A. volta a telefonar a Fr. mostrando-se mais decidido que antes a entregar os elementos de prova. Fr. pede autorização para contactar com ele mas a autorização " Não foi negada, mas também não foi dada ".




* O DOMINGO perguntou a Fr. se era verdade que " os boinas vermelhas, elementos da Casa Militar do Presidente da Republica, serviam o Nini e eram gente de confiança do Nini". Mais, referiu que um tal Opa teria afirmado que " o Nni tinha nos boinas vermelhas amigos confiados ".




Fr. respondeu que o ministeria do Interior tinha cassetes gravadas e ate videos que referem isso;




* Segundo um dos jornais por fax, logo a seguir ao desaparecimento do A. da cadeia os tais boinas vermelhas foram retirados da BO.




* Entretanto a imprensa refere que o Manuel Escurinho, um dos possíveis assassinos de Cardoso, se tentou suicidar, engolindo pedaços de vidro. Como esta ele de saúde neste momento? Que medidas estão a ser tomadas para mais testemunhas chave deste caso não desapareçam antes do julgamento, agora adiado por mais 60 dias?




São muitas, ainda, as duvidas não esclarecidas. Os factos que vão surgindo são pecas de um puzzle que vão sendo encaixadas ate formar um quadro completo.




Ainda existem muitos espaços vazios no puzzle, mas, dia a dia, o quadro aparece mais completo.




Esperemos que não apareça ninguém a baralhar outra vez as peças todas. Ou mesmo a fazer desaparecer algumas peças.




in SAVANA ,20/09 2002




Nota: Recebido de GPRO


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